Dirigido por David Leitch que faz um trabalho excelente, Atômica traz uma realidade muito difícil de ver em filmes de ação.
Baseado em uma graphic novel chamada The Coldest City e estrelado pela maravilhosa Charlize Theron, o longa conta a história de Lorraine, uma espiã britânica que é enviada para Berlim para descobrir o motivo da morte de um de seus antigos parceiros, trazer seu corpo de volta à Londres e encontrar uma lista secreta de espiões soviéticos que desapareceu após a morte de seu colega. Interessante que o filme começa de “trás pra frente”, onde a missão é narrada pela própria Lorraine em uma reunião com agentes governamentais , onde ela relata os acontecimentos e as informações descobertas durante a missão.
Se passando em 1989, a história começa a ser contada por Lorraine a partir de sua viagem para Berlim, dias antes de um dos grandes acontecimentos históricos na Alemanha: a queda do muro de Berlim. Por isso, a fotografia carrega o tempo de caos da época, assim como uma tonalidade mais azulada e o tempo mais fechado, onde cores mais frias são predominantes principalmente durante todas as cenas externas. Toda a cidade é muito bem representada com artigos da época, como veículos e a moda, o que torna a experiência do filme muito mais imersiva.
Um problema que por mais que incomode não torna o filme ruim são as grandes cenas repetitivas. Cenas como caminhadas da protagonista, cenas internas em bares e afins e até mesmo mostrando a personagem vestindo suas roupas torna o filme um pouco lento e faz parecer que ele tem uma duração maior que realmente tem, o que pode ficar um pouco cansativo. Em contra partida, em várias destas mesmas cenas planos diferentes são usados, alguns mais curtos e outros mais longos, e a variedade de ângulos e diversidade de movimentos de câmera deixam o longa mais dinâmico, por isso os problemas são facilmente absorvidos e não tornam a experiência do filme negativa.
As construções dos personagens são muito boas, principalmente da protagonista e de David Percival, personagem estrelado pelo talentoso James McAvoy. Charlize Theron faz um trabalho fantástico no desenvolvimento da própria personagem, e cada cena torna sua atuação mais louvável. Sofia Boutella, atriz que interpreta Delphine, uma personagem não tao bem construída mas que tem fator relevante na história faz um bom trabalho, e embora não seja louvável como o de Charlize é muito bom e de forma alguma passa como mal trabalhado ou desinteressante, o que credita muito positivamente para a carreira da atriz que vem crescendo no mercado hollywoodiano.
A trilha sonora é simplesmente maravilhosa e utiliza musicas icônicas da década de 80. O longa usa também artigos visuais que combinam com a trilha sonora para aliviar um pouco a tensão e deixar a explicação (principalmente de localização) mais extrovertida.
Agora ao principal: as cenas de ação. A realidade das cenas é o que acredito ser o grande diferencial, isto observando o filme de uma maneira geral. Cada cena é muito condizente com uma briga real e por mais que o próprio filme te mostra que a protagonista está viva (já que ela te conta a história, como mencionado no começo desta crítica), a preocupação com a segurança dela e o sentimento de “como ela conseguiu se safar dessa?” é muito presente e te prende durante as cenas, causando mais imersão. A técnica utilizada de gravação também se torna um diferencial, já que o uso de planos sequencia e planos longos são predominantes, deixando a fluidez da cena maior e mais rica.
Se existe aquela cena que “paga seu ingresso”? Sim existe. É um plano sequencia enorme, onde a protagonista luta em um prédio tentando defender um refém (não darei muitos detalhes da cena ou da história para não estragar a experiência de vocês). A cena é simplesmente fantástica, tem por volta de 7 a 10 minutos onde a ação não para. Todos os envolvidos atuam de forma excelente e tudo trabalhado na cena(movimentos de câmera, maquiagens, ambientação, etc) tem uma funcionalidade absurda que deixa qualquer um de queixo caído com um súbito desejo de aplaudir. Observação: provavelmente não é uma cena só. Parece uma junção de diferentes planos sequencia onde aqui ou ali pode-se ter uma noção de onde foi colocado o corte, o que não tira de forma alguma o crédito da cena que funciona facilmente como um plano único, criando uma sequencia de tirar o fôlego.
Dica: a história é complexa e um pouco confusa, então concentrem-se nos diálogos assim como na história geral para não deixar nenhuma informação importante passar, caso contrário o final pode te deixar um pouco perdido.
NOTA: ⭐️⭐️⭐️⭐️