Mr. Night Shyamalan não bateu, ele chutou e arrombou a porta com seu novo filme.

Batem à Porta (Knock at the Cabin), a mais nova obra do aclamado diretor, trás a história de uma família composta pelos pais Eric (Jonathan Groff) e Andrew (Bem Aldridge) e sua filha adotiva Wen (Kristen Cui) enquanto passam uns dias em uma cabana, longe da sociedade e — por conta daquela tão conhecida conveniência do roteiro — sem sinal de celular. Está tudo bem até receberem a visita de quatro pessoas com discursos absurdos e pavorosos. Deste ponto em diante acompanhamos o casal e sua filha precisando lidar com esses intrusos e com o que eles lhes dizem.

A obra traz à tona vários questionamentos desconfortáveis, sendo o principal aquele grande dilema: Salvar o mundo ou quem se ama?

Acontece que Shyamalan, dessa vez, não está mexendo com heróis e vilões, são pessoas comuns, com seus passados e futuros, e nenhuma delas planejou aquela situação. A tensão se espalha por todo o filme, dividindo espaço com situações desconfortáveis que chegam até nós.

O diretor abusou de closes nos personagens, uma câmera sempre muito próxima, dando destaque às expressões de cada um, levando a uma conexão profunda entre eles e quem assiste o filme, sem contar no desconforto, a sensação de invasão do espaço pessoal, tudo para nos deixar no clima que o diretor precisa para entrarmos na história, mas isso não seria possível se os atores não tivessem feito um trabalho tão bom.

Dave Bautista parece vir para dias de glória e, apesar de até agora ter feito basicamente personagens estereotipados como em Army of the Dead e Glass Onion, pudemos ver finalmente um personagem diferente, mais profundo, e que lhe exigiu muito, e ele foi capaz de entregar.

Todos os atores ajudaram muito na construção desse filme, que se trata basicamente deles. Até mesmo a jovem Kristen Cui fez um belo trabalho enquanto mostra, a todo momento, o espírito forte e maturidade da sua personagem. Também temos uma participação de Rupert Grint — que já deixou Ronny Weasley no passado —, nos trazendo muita intensidade, fazendo a gente sentir bastante raiva e levando a um momento onde começamos a nos questionar sobre as coisas junto aos protagonistas.

Mr. Shyamalan trabalha a violência de forma sutil e encoberta como todo o enredo, não espere sanguinolência e destroçamentos, a ideia aqui é te deixar agoniado com pessoas reais tomando decisões extremas, e não uma disputa sobre qual sangue voou mais longe.

O enredo lida principalmente com temáticas bíblicas de fim do mundo e sacrifícios, além de críticas sociais como homofobia.

Toda a construção da história é um ponto muito interessante, já que nos coloca no meio de tudo sem informações prévias. Ficamos tão perdidos quanto o casal protagonista e, mesmo com o desenrolar da história, o diretor nos mantém na dúvida do que é real ou não. Todos os argumentos são relevantes e, ao mesmo tempo, todos são muito suspeitos, distribuídos em diálogos muito bem escritos.

À medida que o filme avança é que começamos e ver flashbacks do casal principal e vamos começando a entendê-los melhor, tudo feito nos momentos certos para conectar com o presente e trazer pequenos prenúncios do que virá. E é importante frisar que esses flashbacks são apenas dos protagonistas, você não verá sobre o passado dos outros sem ser pela própria boca deles, o que nos deixa sempre com a pulga atrás da orelha e questionando a veracidade de tudo aquilo.

É um filme bastante reflexivo, com personagens muito humanos, feito para nos deixar confusos sobre nossas próprias decisões e, como repeti algumas vezes, desconfortáveis. É uma ótima pedida para quem gosta de filmes do tipo.

Batem à Porta (Knock at the Cabin) estreia dia 02 de fevereiro nos cinemas.

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Resenha escrita por Henrique Zimmerer, pioneiro no gênero de light novels no Brasil, com 4 livros publicados e participação em diversas antologias espalhadas por aí!

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