Ôhhhhh saudade que bate nesse coração! Mulher-Maravilha 1984 chegou aos cinemas e o novo lançamento é o primeiro grande filme a sair durante o período de pandemia.
Já deixo no começo desta resenha: assisti no cinema pela cabine de imprensa – um privilégio – para quem gera conteúdo sobre cinema. As medidas de proteção para evitar a proliferação do vírus foram tomadas e existia um número muito reduzido de pessoas na sala.
Se for assistir no cinema também, por favor, tome cuidado, cuide de si e das pessoas a sua volta, o país agradece.
Sobre o filme
Prosseguindo com a história da maior heroína da DC, o novo longa segue a mesma estrutura do primeiro filme, contendo 2 vilões em uma só trama.
Com várias cenas de combate e um flashback super legal de Themyscira, Gal Gadot volta para viver a personagem que encantou todos os fãs.
Assim como o primeiro, o filme segue com problemas visuais durante as cenas, alguns efeitos que pareciam inacabados ou que podiam ser mais trabalhados. A Warner, estúdio que detêm os direitos da personagem e produz o filme poderia ter investido mais em tecnologia de pós-produção, aprendendo com os erros do primeiro filme.
Mesmo assim, o filme se desenrola bem, tem novos elementos para compor as lutas e deixá-las mais dinâmicas, diminuindo (amém) o número de slow motions que muitas vezes desvalorizava a atuação de Gadot.
Seguindo com o texto, bora falar sobre coisas positivas que acredito agregarem bastante para a produção.
A relação Diana e Steve
Okay, que tem deus a gente entende, mas fantasma?
A volta de Steve Trevor, par romântico da personagem intrigou a todos quando apareceu nos trailers, afinal, (spoiler) ele morreu no primeiro filme.
Mas então, o filme simplesmente renasceu ele dos mortos? A resposta é sim e não! A Volta de Steve foi bem pensada e tem relação com ambos os vilões, mas envolvendo um terceiro elemento que deixa tudo mais intrigante.
Patty Jenkins, diretora do longa, teve muita sensibilidade na hora de explicar como a volta aconteceria e porquê vemos Steve exatamente igual o primeiro, inclusive utilizando da comédia para deixar as cenas mais voláteis e confortáveis para os espectadores, ponto pra Jenkins!
Vilões
Quando Kristen Wiig foi escalada para o papel de Mulher-Leopardo (Cheetah), muitas pessoas tentaram entender o motivo dessa escolha, uma vez que a atriz (que eu particularmente amo) seja uma comediante.
Preconceitos quebrados a parte, Wiig dá vida a uma personagem clichê de filmes de todos os gêneros: a mulher desastrada que não chama atenção, que passa despercebida.
Desejando ser como Diana (novamente o terceiro elemento mencionado acima neste texto), a personagem passa por uma virada onde se torna popular, é mais valorizada na questão estética e afins.
Mais que isso, Jenkins escolheu a personagem para tratar de uma das grandes mensagens do filme: o abuso contra mulheres, cena em particular que é bem trabalhada e deixa a mensagem bem clara: não é aceitável.
Já Maxwell Lord, personagem vivido por Pedro Pascal, é bem menos interessante que a Mulher-Leopardo, e mesmo assim tem mais visibilidade e importância para toda a trama.
Acredito que o motivo para isso acontecer seja a natureza de sua ameaça: ele desestabiliza o mundo, impacto que a personagem de Wiig não consegue fazer.
Por isso, os 2 vilões funcionam de maneira paralela, embora seus destinos se mesclem mais para o final. Mesmo assim, a relação é rasa e não faz deles um time, por assim dizer.
O famoso Laço da verdade da Mulher-Maravilha
Todo mundo estava esperando esse momento, né? A escolha da primeira produção foi a espada e escudo (que também são legais), mas nada se compara com o laço da verdade, arma icônica da personagem.
Talvez a demora a aparecer tenha valido a pena: ele é usado em todos os momentos, pra tudo. Muito fã service sim!
Falando em fã service, vou deixar no ar aqui um que é ainda mais icônico que o laço, mas digamos que você talvez não possa vê-lo (um bom entendedor, entenderá).
Falando em verdade: alguns problemas
Já mencionado, os efeitos visuais deixam a desejar em algumas situações, o que incomoda. Além deles, a persistência em algumas cenas são super desnecessárias, como os slow motions, por exemplo.
Outra coisa que talvez possa incomodar é o tamanho do filme: são 2 horas e meia. Eu gosto de filmes grandes, mas acredito que eles sejam muito desafiadores no quesito conteúdo, já que é necessário entreter o público durante todo esse tempo, o que o filme as vezes não faz.
Falando em conteúdo, o longa cria uma situação de absurdo extremo e caos, e deixa isso para o final, o que deixa toda a situação um pouco corrida. Além disso, a visibilidade entre os vilões não é tão proporcional (afinal, são duas histórias diferentes a serem contadas), e todo este processo acaba fazendo da Mulher-Leopardo uma ameaça bem menos relevante, mesmo sendo mais legal.
Finalizando as reclamações com a querida personagem de Wiig, o visual da personagem é legal até o CGI entrar no jogo. A escolha do visual animalesco característico dela é guardado para o final, em uma cena escura que não valoriza em nada a ideia da personagem, um verdadeiro desperdício!
Conclusão
Para fechar, deixo a recomendação para vocês da trilha sonora do filme que é MUITO boa e está disponível nas plataformas de streaming!
Recomendo o filme mesmo com seus problemas, afinal, a experiência cinematográfica vale a pena e a história cria precedentes para novos filmes da personagem, abrindo o leque para impulsionar cada vez mais o poder e protagonismo feminino que esta personagem tão forte carrega.