Mais uma década chega ao fim, e com ela a lembrança de ótimos filmes lançados e uma revolução na forma de se lançar e assistir filmes. Vimos o estouro dos Super Heróis, revolução do streaming, volta de Star Wars, diversidade em foco nas produções, escândalos envolvendo figurões da indústria, gafe no Oscar, #MeToo, #OscarSoWhite …

Foi uma década de um cinema riquíssimo, e esse que vos fala resolveu montar uma lista com os melhores filmes da década. Depois de muito garimpo nas listas de melhores de cada ano, foi possível chegar aos 25 melhores, mesmo alguns não sendo os melhores de um certo ano. Portanto, é uma lista de gosto pessoal, mas acho que vocês vão concordar com alguns filmes, e deixo claro que, com exceção dos 5 primeiros, os outros não estão ranqueados por ordem de preferência.

Antes de começar, deixo uma menção honrosa para: “La La Land”, “Vingadores: Ultimato”, “Era Uma Vez em… Hollywood”, “Django Livre”, “Ela”, “Ex Machina”, “História de Um Casamento”, “Meia Noite em Paris”, “Planeta dos Macacos: A Guerra”, “Viva: A Vida é uma Festa”, “Ponto Cego”, “Infiltrado na Klan”, “Lady Bird”.

25. Os Vingadores (The Avengers) – Joss Whedon– 2012

O primeiro grande evento do Universo Cinematográfico da Marvel não poderia ficar de fora. Mesmo considerando outros filmes superiores, ele é o mais importante destes 11 anos de MCU, e foi o responsável por consolidar o gênero no público geral, tirando a parcela que já era fã das HQs. Além disso, o que o Joss Whedon fez foi único, espetacular, genial. Unir os heróis em tela pela primeira vez e dar importância para todos, e criar uma história agradável de se assistir, e com um tema brilhante criado pelo mestre Alan Silvestri.

24. A Trama Fantasma (The Phantom Thread) – Paul Thomas Anderson – 2018

O último longa de Daniel Day Lewis, e um dos mais intimistas da filmografia de Paul Thomas Anderson. O trabalho artesanal do diretor se choca com o do protagonista em uma obra sufocante e sutil que arranca de Lewis uma de suas melhores atuações. Além de ter duas coadjuvantes espetaculares, Vicky Krieps e Lesley Manville, que não são diminuídas perto do maior ator dos últimos 25 anos, e ainda roubam a cena em diversos momentos. Sem contar com a fotografia feita pelo próprio PTA, e a trilha angustiante e bela de Johnny Greenwood, guitarrista do Radiohead.

23. O Lobo de Wall Street (The Wolf of Wall Street) – Martin Scorsese – 2013

A epopeia de Martin Scorsese e Leonardo DiCaprio para contar um dos maiores escândalos da história do mercado financeiro. Três horas de filme que passam num piscar de olhos, com um ritmo alucinante, uma evolução de Scorsese na direção, um forma dele se reinventar, mesmo tendo feito o filme com 70 anos. Além de ser o filme que revelou Margot Robbie para o mundo.

22. Garota Exemplar (Gone Girl) – David Fincher – 2014

Último filme que David Fincher, é um thriller psicológico característico de sua filmografia, mas que apresenta uma evolução no quesito horror. Ele brinca com nossa perspectiva, pega um roteiro simples e cheio de reviravoltas previsíveis, e transforma em algo único que nos faz pensar e nos questionar sobre o que estamos vendo e por quem estamos torcendo. Além de ter uma das personagens principais mais carismáticas da década, Amy Dunn, interpretada magistralmente pela Rosamund Pike.

21.Missão Impossível: Efeito Fallout (Mission: Impossible – Fallout) – Christophe McQuarrie – 2018

A obra definitiva de Tom Cruise, que reúne tudo que deu certo na sua carreira e na franquia, além de acrescentar seu sadismo de passar pelos mais difíceis testes, incluindo quebrar o pé e pilotar um helicóptero. É uma aula de como manter a tensão sempre no topo, mesmo parecendo ser mais um filme de ação simples, o carisma de Cruise e controle de direção de Christopher McQuarrie transformam em algo que apenas um filme nesta década conseguiu (ele ainda vai aparecer aqui). Trama que liga todos os filmes da franquia, cria algumas das cenas mais icônicas da década e que te faz torcer por novo Missão Impossível o mais rápido possível.

20.A Origem (Inception) – Christopher Nolan – 2010

Chris Nolan, um elenco estelar, filmes de assalto envolvendo sonhos, não tinha como dar errado. Nolan pega sua régua, que já era alta depois de Cavaleiro das Trevas, e eleva ainda mais, principalmente na sua forma de contar uma história cheia de reviravoltas, sequências de ação e criação de tensão.

19.Scott Pilgrim Contra o Mundo (Scott Pilgrim vs. the World) – Edgar Wright – 2010

Um dos diretores mais versáteis e únicos que surgiram nos últimos 15 anos, Edgar Wright entrega uma das obras envolvendo quadrinhos mais refinadas já vista. Ele possui um jeito único de contar histórias com recursos visuais estilizados, montagem repleta de cortes rápidos, uso da trilha sonora no storytelling. Ele não possui filmes ruins, e cada um tem sua particularidade, e esse é o mais diferente e corajoso da sua filmografia, quase que um teste para o que viria depois.

18.Moonrise Kingdom – Wes Anderson – 2012

O filme que foi minha porta de entrada para a obra de Wes Anderson, e que após conhecer e adorar sua filmografia, me constatar que é sua obra mais intimista e delicada. Um filme que conta o romance de duas crianças em meio a duas famílias completamente desajustadas, quase um “Romeu e Julieta” infantil, mas repleto de camadas e discussões adultas que nos causam desconforto. Tudo isso contado do jeito Wes Anderson, repleto de personagens caricatos e sarcásticos, seu visual 4:3 e sua simetria única.

17.Antes da Meia Noite (Before Midnight) – Richard Linklater – 2013

O último capítulo da trilogia que começou em 1995, nos mostra Jessie e Celine no alto dos seus 40 anos, com filhos, e vivendo seus conflitos e relembrando seus momentos de felicidade. Quase 2 horas de sessão de terapia de casal no meio da Grécia. Tudo isso com um dos roteiros com diálogos mais poderosos desta década.

16. Boyhood – Richard Linklater – 2014

Outra obra de Linklater que demorou uma vida para ficar pronta. Foram doze anos acompanhando os atores para contar esta história sobre infância, adolescência e início da vida adulta. É o cinema sendo feito em sua forma mais crua, uma história sendo contada de forma única, que depois de cinco anos e conhecendo a filmografia do Linklater, só ele teria a capacidade e sutileza de contar e realizar este feito.

15. Moonlight – Barry Jenkins – 2016

Segue a linha de “Boyhood”, contando a vida de Chiron durante três estágios da vida, mas com uma temática voltada para diversidade, aceitação e falta de oportunidade. Um belíssimo filme em todos os aspectos. Que conta um roteiro simples, mas que a partir da direção adiciona camadas em algo que não conseguimos perceber no dia a dia, discussões que não estávamos acostumados a ter. Barry Jenkins vem se tornando um criador único de histórias melancólicas, mas sem deixar a esperança de fora.

14.Star Wars: Os Últimos Jedi (Star Wars: The Last Jedi) – Rian Johnson – 2017

Simplesmente o melhor filme da franquia, seja visualmente, atuações, roteiro e subversão aos temas clássicos que permeiam Star Wars. É um filme corajoso, que pega a franquia definitiva da cultura Pop e transforma em algo que desafia o fã e questiona os motivos que o levaram a gostar dela. Inclusive, foi isso que levou diversos “fãs” a odiarem este filme, pelo simples fato dele pegar as expectativas e o passado da franquia e passar uma borracha nela, mas com um cuidado e um refinamento único, que somente Rian poderia fazer.

13.Em Ritmo de Fuga (Baby Driver) – Edgar Wright – 2017

Se “Scott Pilgrim” é o mais corajoso e diferente, “Em Ritmo de Fuga” é o filme definitivo de Edgar Wright. Ele junta tudo que deu certo em seus filmes e cria algo único no meio dos blockbusters. Um trabalho de storytelling único, montagem, roteiro, trilha sonora, efeitos sonoros, usados de forma magistral. Wright é o maestro de toda uma equipe para dar vida a este filme, em tudo que há no filme é possível ver que Wright participou em todos os estágios, é brilhante.

12.Me Chame Pelo Seu Nome (Call Me By Your Name) – Luca Guadagnino – 2017

O filme que conta uma das histórias de amor mais lindas da década, e sem apelar para recursos novelescos para criar tensão ou conflitos. Além disso, é um filme sobre amadurecimento, aceitação, e como sentir a dor de uma perda, como saber conviver com ela, sem suprimi-la, mas entendê-la. Atuações poderosas, um visual maravilhoso, graças a localização onde o filme se passa, que é no norte da Itália, e um roteiro delicado, simples, mas exuberante, uma obra prima de James Ivory.

11.Você Nunca Esteve Realmente Aqui (You Were Never Really Here) – Lynne Ramsay – 2018

Um thriller brutal sobre traumas familiares, profissionais e criados pela sociedade. Uma hora e meia de uma atuação poderosa de Joaquin Phoenix, uma trilha claustrófobica de Johnny Greenwood e de uma visão única da violência pelos olhos de Lynne Ramsay. É um dos filmes mais desconfortáveis feitos nesta década, que utiliza alguns recursos diferentes para demonstrar a violência que causa ua estranheza e uma curiosidade única. Diferente de “Coringa”, que é uma ode e ao mesmo tempo cópia de Scorsese, aqui é uma releitura de um tema recorrente de seus filmes, mas com uma visão única de Lynne.

10.Minding The Gap – Bing Liu – 2018

O “Boyhood” dos documentários recentes. Feito a partir de filmagens do diretor Bing Liu desde sua infância, quando filmava seus amigos andando de skate, e com o passar do tempo foi acumulando mais material, até chegar na vida adulta. Um documentário delicado que usa o tema skate, apenas como plano de fundo para apresentar temas pesados, envolvendo traumas familiares, abusos, criação de responsabilidade precoce, adolescência tardia.

9.Parasita (Parasite) – Bong Joon-Ho – 2019

Diretor acostumado a mexer nas feridas do capitalismo moderno e suas inúmeras desigualdades, entrega sua obra mais palatável, mas sem deixar de passar sua mensagem. Isto é que torna “Parasita” tão brilhante, uma comédia que causa desconforto no público por apresentar temas tão recorrentes no mundo de hoje, mas que viramos a cara. Posso dizer que ao lado de “Bacurau”, “Burning” e “Shoplifters”, são os filmes que mais representam a disparidade social que vivemos hoje, e o Bong contar de forma tão “Pop”, é o que faz Parasita ser genial.

8.Blade Runner 2049 – Denis Villeneuve – 2017

O diretor que teve a filmografia como mais obras fantásticas nesta década, entregou uma sequência que atualiza o original e o homenageia de forma belíssima. Villeneuve entrega um dos filmes mais refinados visualmente, muito disso graças ao trabalho de Roger Deakins, uma estética única que, somente uma sequência de “Blade Runner” poderia entregar. A forma como ele atualizou os temas do original é brilhante, muitas vezes parece batido e repetitivo, mas ele faz questão de apresentar pontos no decorrer da narrativa que mostram que não são. É uma aula de como usar o visual para contar uma história.

7.Homem-Aranha no Aranhaverso (Spider-Man Into The Spiderverse) – Rodney Rothman, Peter Ramsey, Bob Persichetti – 2019

É surreal pensar que esse filme deu certo. Uma animação focada em apenas um super herói, lançada no cinema em meio aos blockbusters milionários, e se preocupa em contar uma história pé no chão, delicada e preocupada com a diversidade. Tirando toda exuberância técnica, principalmente a questão dos 24 fps, é uma história com coração, preocupada com o nosso mundo de hoje, em passar uma mensagem de que você pode tentar ser o que você quiser, que qualquer um pode usar uma máscara do Aranha, que você poder ser o seu próprio herói.

6. Divertidamente (Inside Out) – Pete Docter – 2015

O filme mais infantil, mas o mais adulto que a Pixar já fez. É uma aula de roteiro, de como contar uma história para diversas faixas etárias, mas sem ver as crianças como seres inferiores, que não entendem as mensagens. É um dos filmes com a temática mais pesadas que o estúdio já fez, e ele utiliza das cores para contar essa história de um jeito tão delicado, engraçado e fácil, mas que te faz pensar no que ele aborda por um bom tempo. É a Pixar em seu estado mais puro.

Agora eu posso dizer que são os 5 melhores filmes feitos nesta década, e assim fechar os 25 melhores da década de foma satisfatória.

5. O Irlândes (The Irishman) – Martin Scorsese – 2019

O filme que parece ser o adeus de todos os envolvidos, o final da parceria Scorsese-De Niro-Pesci, o ato final de Harvey Keitel e Al Pacino. Um longa melancólico sobre os envelhecer e carregar suas escolhas por toda a sua vida, e contado pelo gênero que fez Scorsese ser o que ele é, o filme de Máfia. Três horas e meia de uma história que, apesar de usar da máfia, pode ser a minha, a sua, a de seus avós, pais, amigos, é algo que nos faz refletir e buscar sentido em nos atos e suas consequências. Scorsese deve fazer pelo menos mais um filme com Leo DiCprio, mas se este fosse seu último, seria um belo adeus.

4.Toy Story 3 – Lee Unkrich – 2010

O final da história de Woody e Buzz ao lado de Andy é uma obra para reforçar a importância da amizade, seja no cultivo delas, seja na hora de deixar partir. “Toy Story 3” mostra que algumas pessoas ficam conosco para sempre, mas nem todas são assim, e faz parte da vida deixar algumas para trás, sabendo da importância delas para o crescimento mútuo. Além de terminar mostrando que, nós devemos sempre estar aberto para o novo, independente da idade, devemos estar abertos para que novas pessoas entrem em nossas vidas.

3.A Chegada (Arrival) – Denis Villeneuve – 2016

“Se você soubesse da sua vida completa, você mudaria algo?” A pergunta que encerra o filme e que permeia nossos pensamentos. Quem não queria saber de tudo que lhe acontecerá daqui até o final de tudo? Mudaríamos algo, aceitaríamos nossas possíveis decepções? Utilizando o gênero de ficção científica para contar algo tão intrínseco na nossa natureza, Villeneuve entrega algo visualmente exuberante, com atuações poderosas, principalmente por causa de Amy Adams, e ainda toca em diversos assuntos de forma homogênea, sem se perder momento algum.

2.A Rede Social (The Social Network) – David Fincher – 2010

O filme que melhor representa esta década. Contando a história de criação do Facebook, conseguimos ver diversas facetas da nossa sociedade em Mark Zuckerberg, interpretado magistralmente por Jesse Einseberg. Além de conseguir entender as escolhas que o criador do Facebook continua fazendo, mesmo após 15 anos de rede social, e como ele nos controla. Fincher deixa explícito as intenções dele em criar o Facebook, e mesmo contando uma história de 2004 em 2010, em 2019 o filme continua tão atual. Isso sem contar com sua bela estética e roteiro soberbo de Aaron Sorkin.

1. Mad Max: A Estrada da Fúria (Mad Max: Fury Road) – George Miller – 2015

O filme de ação definitivo da história. Um senhor, que tinha 70 anos na época, resolveu colocar diversos carros explodindo em um deserto para contar uma história de opressão, fascismo, misoginia, redenção e busca pelo seu lugar. É o filme perfeito, um ballet de destruição, visualmente único, um roteiro simples mas extremamente forte e ainda atual, atuações soberbas, e uma reinvenção do gênero de ação. Nenhum filme chegou perto de reproduzir a perfeição de conciliar um ritmo frenético, sem perder em nada no storytelling, e ainda ter momentos de respiro para absorver tudo que está na tela. George Miller, Tom Hardy e Charlize Theron entregaram algo que permanecerá na história do cinema e que tentará ser copiado por diversos cineastas.

Então, essa a lista de melhores filmes desta maravilhosa década. Fica a ansiedade pelo que o cinema nos apresentará nos próximos anos. Volta de James Cameron e David Fincher, último filme de Quentin Tarantino, “Duna” do Villeneuve, sequência do MCU, Wes Anderson, PTA, Guillermo Del Toro…

 

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