[CRÍTICA] VINGADORES: GUERRA INFINITA É TUDO QUE DEU CERTO NA MARVEL E MAIS UM POUCO

Muito prazer, me chamo Thanos !

10 anos após “Homem de Ferro”, primeiro filme do estúdio, chegamos ao ápice do universo Marvel criado nos cinemas. Após 18 filmes apresentando personagens, criando relações, explorando mundos e estabelecendo as jóias do infinito, finalmente conhecemos o vilão que nos vem sendo prometido desde “Vingadores”. Thanos (Josh Brolin) corresponde a toda expectativa que o Marvel Studios nos fez criar, e como ele é o único personagem que não nos foi apresentado, nada mais justo que dar o maior filme para ele. 
Em “Vingadores: Guerra Infinita” acompanhamos o Titã louco em sua busca pelas jóias do infinito, enquanto os Vingadores e os Guardiões da Galáxia tentam impedir que isso aconteça. O filme é focado na construção de Thanos, desde sua motivação para reunir as jóias em sua manopla, os relacionamentos que ele possui com certos personagens, e as escolhas e sacrifícios que ele precisa tomar para alcançar o objetivo de sua vida.
Esse é o primeiro acerto do filme. Com quase 50 heróis, e pelos menos 10 com grande protagonismo nesses 10 anos de universo, ficaria difícil escolher alguém para ser o “protagonista”, portanto os roteiristas escolheram o vilão para ser o condutor da história. De uma certa forma, vemos os heróis como coadjuvantes que estão atrapalhando Thanos na sua busca pelo equilíbrio perfeito do universo. Aqui, os roteiristas Stephen McFeely Christopher Markus e os diretores Joe e Anthony Russo, repetem o que foi feito em “Pantera Negra”, que é fazer com que tenhamos empatia pelo vilão para que possamos entender e aceitar suas motivações. Em diversos momentos do filme você para e pensa que Thanos está certo, que ele possui argumentos válidos, mas da mesma forma que foi com Killmonger, ele não tem os meios mais corretos.
Mas isso não quer dizer que os heróis não possuem seus próprios arcos. Os roteiristas seguiram o caminho mais “fácil”, que foi dividir os heróis em núcleos. Com isso eles acertaram em cheio nas relações inéditas entre alguns personagens, exemplificando: A batalha de egos entre Dr Estranho (Benedict Cumberbatch) e Tony Stark (Robert Downey Jr.) e um Homem-Aranha (Tom Holland) adolescente no meio dos dois, posteriormente acrescentando Peter Quill (Chris Pratt) nessa disputa, mas passando por um Thor (Chris Hemsworth) sarcástico que logo se familiariza com o Rocket Raccoon (Bradley Cooper).
Se fosse para citar algum destaque além de Thanos, fica por conta do Deus do Trovão, que após a repaginada que Taika Waititi deu no personagem, ele ganhou diversas camadas, principalmente cômicas, com ajuda da atuação de Chris Hemsworth. Isso, e a clara veia cômica que o núcleo dos Guardiões possui, só reforça a importância que esse filme deu ao que Waititi e James Gunn fizeram, e mostra que “Guerra Infinita” é a junção do que deu certo nos 10 anos de Marvel Studios.
Tirando a apresentação de Thanos, que é o único personagem novo, o resto do filme é tudo que já acompanhamos, e isso é algo para se parabenizar. Como mencionado acima, é um evento que reúne todos os personagens apresentados e mantém as suas características, cada um possui aquele sentimento, aquela forma de agir que foi responsável pela conexão com o público. Tony Stark marrento e com a predisposição de ser um líder. Peter Quill fazendo piadas nos momentos mais inoportunos. O Capitão América (Chris Evans) e seu desejo de proteger a todos. Tudo que foi construído é lembrado e reforçado nesse filme.
Infelizmente esse último é o elo fraco do filme. Enquanto vemos os outros núcleos se unindo de formas mais orgânicas e de uma certa forma são mais importantes. Tudo que gira em torno do Capitão América acaba soando coadjuvante demais, sendo apenas um artificio de reunir um certo grupo de heróis. É plausível, pois seria impossível aprofundar tantos personagens, mas fica a sensação de que faltou algo.
Como dito no início, o filme pertence a Thanos, mas mesmo prevendo isso, o filme toma decisões corajosas na hora de desenvolver o seu arco, principalmente usando sua filha Gamora (Zoe Saldana). Sem entrar nos spoilers do filme, a relação dos dois é o termômetro para o que vamos sentir em relação ao vilão. Nas sequência envolvendo os dois, podemos enxergar diversos sentimentos dentro do personagem, desde o medo e ameaça que ele representa para os heróis, até as emoções comuns que um pai sente pela filha, e que se sobrepõe em momentos, o seu objetivo maior.
Em relação as questões técnicas, o filme quase não possui defeito em sua execução. É uma evolução absurda no CGI e na captura de movimento, principalmente de Thanos, onde podemos ver os traços marcantes do rosto de Josh Brolin, o que nos faz sentir mais a atuação dele. Até seus capangas da Ordem Negra são extremamente “reais”, e o filme sabendo disso não tem medo de dar close nos rostos de cada um deles e mostrar como eles são bem feitos e mostrar os detalhes. 
Depois de “Thor: Ragnarok”, a Marvel aprendeu que uma trilha original pode ser um personagem do filme, já tinha sido assim em Pantera Negra e sua música africana característica, e aqui podemos sentir a importância da música composta por Alan Silvestri. Ela sabe transitar e compor os momentos heroicos do filme, mas também os mais dramáticos ou “perigosos, e diferente da maioria dos outros filmes do estúdio, a trilha é alta, podemos ouvir com clareza.
Agora, guardada as devidas proporções, vimos em “Vingadores: Guerra Infinita”, o quão próximo um filme de super herói pode chegar perto de filmes como “Magnólia” de Paul Thomas Anderson, no quesito de contar várias ao mesmo tempo e manter uma montagem coesa. Mesmo as ressalvas com o núcleo do Capitão América, o trabalho é executado de um forma tão orgânica, cada transição é sutil e mantém o tom de ameaça que o filme tem, e consegue manter seu ritmo frenético, mas sem deixar de ter seus momentos de respiros, seja para piadas ou desenvolvimento de personagem.
“Vingadores: Guerra Infinita” é tudo que deu certo na Marvel, não apenas nos cinemas, mas também nos quadrinhos. É a reunião de personagens bastante comum nas grandes sagas da editora e que foi transferida para a tela com absoluta perfeição. Podemos considerar esse filme a grande minissérie, e os outros filmes os spin-off que são lançados sob o selo da grande saga. É um longa que tem sua preocupação voltada para os fãs que acompanharam a evolução do estúdio nesses 10 anos, mas não se esquece que a cada filme que é lançado novas pessoas pessoas vão se juntando a esse grupo. É um grande evento que reúne os personagens que eles nos ensinaram a amar e que nos apresenta a um vilão que já amamos odiar. O Universo Cinematográfico completa 10 anos, mas quem ganhou o presente fomos nós.
Nota:4,5/5

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