CRÍTICA: UM LUGAR SILENCIOSO

Novo longa de terror tem um plot original, mas se apega no comum na hora da execução

Nos últimos anos o cinema de terror tem vivido os extremos nos filmes que são lançados. Enquanto temos extremamente originais como “Corra!” e “Invocação do Mal”, que buscam subverter o genêro e adicionar diferentes camadas. Diversas produções clichês são lançadas, como “Jogos Mortais: Jigsaw” e “A Maldição da Casa Winchester”, que não fogem do básico envolvendo tortura ou jump scares. Buscando seguir o exemplo dos dois primeiros, “Um Lugar Silencioso” busca apresentar algo novo, misturando o terror tradicional com elementos de ficção científica.
Dirigido, produzido, escrito e estrelado por John Krasinski, acompanhamos um futuro pós apocalíptico onde monstros mataram grande parte da população, e quem sobrou não pode emitir quase nenhum som, pois eles cegos e são guiados pelo barulho. Ao lado de sua esposa grávida interpretada por Emily Blunt (casada com Krasinski na vida real) e seus filhos eles precisam sobreviver dia após dia seguindo essa regra de evitar o mínimo de barulho enquanto aguardam o dia de seu parto.
Querendo se distanciar dos filmes comuns do gênero, Krasinski busca transformar o filme em um experiência sensorial, em que o som, ou a falta dela, se transformam em um personagem que cria a tensão durante os 90 minutos. O que ele faz é pegar o momento que precede o susto em basicamente todos os filmes, o silêncio absoluto, e montou seu longa em cima disso. Com isso ele consegue deixar a plateia apreensiva e curiosa para saber de onde virá o próximo barulho feito por algum personagem.
O problema do filme é que ele se agarra nisso e acaba esquecendo da narrativa e do desenvolvimento dos personagens, mas o principal, não exploram o mundo criado, que é o grande ponto do filme. Logo de cara ficamos sabendo o que aconteceu com o mundo, mas conhecemos pouco sobre as ameaças, sobre o que seria um possível ponto fraco. É quando o filme se lembra ser um longa de terror e se torna comum e apostando em situações óbvias. 
Em relação aos personagens, acontece uma certa situação no início no filme que gera consequências diferentes em cada um deles, mas não é desenvolvido. Simplesmente usam esse fato para criar situações que vão colocar os personagens em perigo, diminuindo de certa forma o que aconteceu e como eles estão reagindo. Seria uma forma a mais de aumentar o sofrimento deles, mas infelizmente é negligenciado pelo roteiro.
Em relação as atuações, Emily Blunt mostra porque é uma das melhores e mais versáteis atrizes da atualidade, principalmente nos momentos em que precisa exibir uma fragilidade emocional devido a gravidez. John Krasinski aos poucos vem apagando “a cara Jim Halpert”, e vem se mostrando um bom ator para filmes de ação e que passa credibilidade como um pai estrategista, mas sem deixar a emoção de lado.
O destaque fica por conta dos dois filhos Noah Jupe e garotinha surda-muda, Millicent Simmonds, que é o principal apoio na construção do ambiente sem som. O diretor usa a perspectiva que ela tem do mundo para balancear com os outros personagens, principalmente porque todos começam a se comunicar por linguagem de sinais para evitar barulhos. Nestes pontos que o filme mostra um detalhismo sem precedentes, que balanceiam com o genérico.
“Um Lugar Silencioso” cumpre seu papel de filme de terror ao te deixar apreensivo durante todo o filme, e apesar de ser genérico em suas respostas, deixa um ar de “não sei o que pode acontecer”. Os elementos de ficção científica são um adicional que poderia ser mais explorado, mas é bem utilizado. Se assemelha a proposta que Chris Nolan usou em “Dunkirk” de criar no som um personagem, e de transformar o filme em um experiência sensorial completa. Guardada as devidas proporções, John Krasinski conseguiu reproduzir a angústia, a claustrofobia, a tensão que Nolan criou com o som da guerra, mas aqui ele usou a falta de som para atingir o resultado.
Nota: 3,5/5

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