CRÍTICA: CÍRCULO DE FOGO: A REVOLTA

Buscando agradar diversos públicos, sequência esquece as coisas boas do primeiro filme e cai no genérico.

Em 2013 Guillermo Del Toro nos apresentou ao universo de Kaijus e Jaegers em um filme que era uma amálgama entre a cultura oriental e o gosto do diretor pelo mundo de criaturas fantásticas. O filme não foi um sucesso unânime de crítica e fez uma bilheteria razoável, mas com o passar dos anos, já se tornou um jovem clássico. 5 anos depois o longa ganha uma sequência, sem Del Toro e com Steven S. DeKnight na direção, em uma tentativa de manter o legado que o vencedor do Oscar deixou.

“Círculo de Fogo: A Revolta” acontece 10 anos após os eventos do primeiro filme, e vemos um mundo sem Kaijus e vivendo pacificamente, mas se preparando para uma possível volta dos monstros. Acompanhamos Jake Pentecost (John Boyega), que é filho de Stacker Pentecost (Idris Elba), responsável por salvar o mundo, viver sua vida de roubos de peças de Jaegers desativados. Sua vida muda quando ele conhece Amara Namani (Cailee Spaeny), uma jovem construtora de Jaegers, e ao serem presos, Jake decide voltar para a academia de pilotos de Jaegers com Amara de aluna.

O filme simplesmente esquece de tudo que deu certo no primeiro longa, e não poderia parecer mais genérico. “Círculo de Fogo” chegou sendo uma contra proposta aos filmes dos Transformes, que já estavam saturados e apresentaram diversas diferenças e melhorias, mesmo apostando em um público mais difícil de agradar. Enquanto isso, sua sequência vai no sentido contrário e em muitos momentos parece que usa a franquia de Michael Bay como inspiração, principalmente no roteiro extremamente raso e repleto de comodidades.

O roteiro segue uma estrutura básica da jornada do herói: O chamado, a relutância, uma morte servindo de incentivo e a confirmação e aceitação do personagem como herói. É o caminho simples e o diretor aposta no carisma de John Boyega, que consegue carregar o filme nas costas e se afirma como uma estrela, as poucas coisas boas do filme são por causa de seu personagem. O problema são as escolhas para agradar as diversas parcelas do público, principalmente os mais jovens. Para isso, ele força diversas situações para criarmos empatia com o núcleo adolescente, que só funciona pela bela atuação da jovem Cailee, porque é uma comodidade sem tamanho adicionar uma side kick em quem o protagonista se reconhece.

É bastante aceitável a escolha do diretor (ou do estúdio) acrescentar atores mais jovens para alcançar um público maior, mas falha em ser clichê e sem a emoção necessária para criarmos empatia pela história deles. Mas dentro dos personagens novos, Nate Lambert que é interpretado por Scott Eastwood funciona como um parceiro e como escada para o Jake Pentecost atingir seu objetivo. A dinâmica entre Eastwood e Boyega é divertida, e consegue superar a dupla Raleigh (Charlie Hunnam) e Mako (Rinko Kikuchi) no primeiro filme.

O primeiro longa é bom na sua execução porque tem um roteiro simples: Monstros invadindo a Terra e os seres humanos e seus robôs gigantes precisam salvar o planeta. Enquanto o novo roteiro se perde ao buscar novas ameaças envolvendo empresas e tenta explorar as falhas de inteligências artificiais, mas acaba se direcionando no caminho mais óbvio e encontrando soluções absurdas para chegar em seu final.

Como se não bastasse tantos erros, o filme não tem uma identidade visual ou sonora, tudo é extremamente genérico. O longa não busca fazer nada de diferente nas sequências de ação, sendo apenas uma eterna sequência de explosões de CGI comum em todos os blockbusters.  Enquanto a trilha sonora é imperceptível, em apenas uma oportunidade que ela se apresenta, e mesmo assim é utilizando o tema do primeiro filme. Neste momento que vemos a falta de um diretor acostumado com seu universo, e infelizmente Steven S. DeKnight não tem nenhuma assinatura e parece ser um diretor que segue as ordens do estúdio e sem visão ou voz ativa.

“Círculo de Fogo: A Revolta” esquece que é uma sequência de um filme com diversas características únicas e escolhas ousadas feitas por Guillermo Del Toro, e vai para o caminho mais fácil e erra ao seguir esse caminho. Possivelmente vai fazer mais dinheiro que o primeiro, mas não por mérito, mas por incluir um elenco diverso, nos moldes que Transformers que faz, quase uma apelação para o mercado asiático. Se por um lado temos a confirmação de John Boyega como um ator que consegue segurar um filme e vai se tornar uma estrela em poucos anos, temos mais um filme sem alma, para não falar que é um novo Transformers.

Nota: 1,5/5

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