CRÍTICA – ME CHAME PELO SEU NOME

Dirigido pelo italiano Luca Guadagnino, Me Chame Pelo Seu Nome é mais um dos grandes concorrentes na corrida pelo Oscar 2018.

Com uma história simples e cativante, o novo longa de Luca te imerge na vida de um adolescente de 17 anos, em suas reflexões pessoais em busca de entendimento próprio e aceitação. Com pouco mais de duas horas de duração – que basicamente nem são notadas – o roteiro entrega muito sem forçar a barra ou cansar.

A premissa é simples: durante suas férias de verão em algum lugar da Itália, o pai de Elio (Timothée Chalamet) recebe em sua casa Oliver (Armie Hammer), um estudioso que busca ajudar em suas pesquisas acadêmicas e suas descobertas em sua área de atuação. Incrível como a relação entre Elio e Oliver já é construída desde o inicio do filme, onde Elio se oferece para mostrar a cidade a sua nova visita.

Em um ritmo tranquilo e muito preguiçoso, cada take referencia o que podemos entender de “férias de verão”, com cenas muito pacatas e serenas, onde os diálogos dos personagens são extremamente casuais e construtivos, desenvolvendo aos poucos a personalidade de cada um sem empurrar informações na cara dos telespectadores. A surrealidade da construção é tanta que você nem repara que já conhece os personagens, e quando a cena exige o mínimo de entendimento sobre algum personagem específico, você se vê surpreso de conseguir assimilar a cena com a personalidade dele e entender seus atos, um sentimento engraçado e prazeroso.

A fotografia é linda, ensolarada e muitas vezes envolvida com água, trazendo novamente a ideia de férias e calmaria. A ambientação da época (1983) também ajudam muito na imersão, principalmente quando combinada com as especificidades da família de Elio, os Perlman, que falam inglês, italiano e francês, as vezes, todas de uma vez em uma única cena. Os enquadramentos também são pontos super positivos da trama, utilizando de câmeras paradas e planos sequência, alguns maravilhosamente posicionados (e com um show de atuações que fazem a cena icônica para o longa).

Timothée faz jus a sua indicação ao Globo de Ouro e possivelmente ao Oscar de melhor ator pelo longa, já que sua atuação é insana. O jovem entrega a tela um jovem confuso, talentoso e quieto. Mas ao desenrolar de sua personalidade podemos ver como Elio cresce pessoalmente, como age quando estimulado por seus desejos e como suas decisões – claramente condizentes a sua idade – são sinceras. Um salve pela já famosa e comentada cena da fruta!

Sua relação de descoberta do desejo até a paixão por Oliver é gradual e fácil de acompanhar. O personagem é interessante e creio que seja impossível não criar uma belíssima empatia por ele. A química entre Timothée e Armie é surreal, tornando o relacionamento de seus personagens extremamente verdadeiro, nos fazendo torcer pelo final feliz de conto de fadas.

O longa, assim como outros longas que trazem o gênero de desenvolvimento adolescente ( Hoje quero voltar sozinho e Lady Bird por exemplo) é condizente e fiel a seu tema, sem apelar com cenas pesadas ou clichês que burlam um pouco a temática inicial. Por se tratar também da temática LGBTQ+, o longa mantêm a história fiel ao ano que a história se passa, buscando sempre desenvolver a relação do casal sem erotizações desnecessárias ou estereotipadas.

A delicadeza do filme é algo brilhante de acompanhar, com cenas extremamente emotivas e diálogos que provavelmente vão arrancar algumas lágrimas de seus olhos. Uma belíssima obra do diretor europeu que muito provavelmente será lembrada por gerações.

Nota do crítico:      ⭐⭐⭐⭐⭐

Deixe o seu comentário!

TOCAFITA
Somos um time cheio de energia que busca entregar sempre o melhor conteúdo pra você! Com uma equipe maravilhosa, aqui no Toca Fita nós nos divertimos com nosso trabalho, e por isso fazemos com amor. Qualidade, veracidade e empatia, sempre!