CRÍTICA: DESTINO DE UMA NAÇÃO

Gary Oldman é Winston Churchill em todas as formas possíveis

Dirigido por Joe Wright, dos belíssimos “Desejo e Reparação” e “Orgulho e Preconceito”, mas também do fraquíssimo “Pan”. Vemos uma nova biografia sobre o primeiro ministro britânico responsável pela operação “Dynamo”, que salvou 300 mil soldados ingleses, franceses e belgas do cerco do exército alemão em Dunquerque durante a segunda guerra mundial. No filme é apresentado desde o momento de posse de Churchill (Gary Oldman) até o final da operação.

Wright escolhe o caminho mais fácil para apresentar o personagem, ele vai pelo mito que se criou em volta de Churchill mesmo antes dele assumir como primeiro ministro. Para fazer isso, ele apresenta os “personagens mundanos ” e como eles reagem ao ouvir o nome dele. Tudo isso culmina em uma belíssima sequencia mostrando sua nova secretária ouvindo suas peculiaridades até entrar em seu escritório todo escuro, e surge ao fundo um fósforo acendendo seu característico charuto e criando uma aura em vermelho ao redor de seu rosto. Pronto, o mito estava criado com apenas quinze minutos de filme.

Apesar de ser o caminho mais fácil, Wright busca apresentar nuances que foram pouco exploradas em volta desse mito. Ele coloca o personagem nos mais diferentes confrontos, seja contra seus rivais ou seus monstros internos. Ao fazer isso, podemos ver que Churchill não é aquele poço de arrogância que sempre foi nos mostrado, e muito menos o cabeça dura que não aceita conselhos. Para essa desconstrução o diretor usa três personagens como pilastra, Rei George VI (Ben Mendelsohn), sua secretária Ms. Layton (Lily James) e sua esposa Clemmie (Kristin Scott Thomas). Nas interações com esses personagens é que podemos sentir “O porco” se diminuir e perder a aura de intocável, mesmo sem perder a rigidez, mas mostra uma sensibilidade ímpar.

Para que Joe Wright consiga isso, tudo passa pela impecável atuação de Gary Oldman. O ator some atrás da maquiagem e dos trejeitos de Churchill, mas ainda podemos senti-lo nos momentos de explosão. Wright joga todo o peso do filme sobre ele, e tira o máximo que Oldman pode entregar e o ator executa com facilidade. Uma das atuações mais fortes do século XX, conseguindo alternar várias emoções, desde raiva e arrogância, até a tristeza e a empatia com o povo britânico. Se o filme funciona, e consegue transmitir a urgência que ele representa, é por causa da atuação de Oldman

“Destino de uma nação” é um belo filme para apresentar um pequeno capítulo da história da segunda guerra mundial, e mostrar o outro lado do filme “Dunkirk” de Chris Nolan. Mas o principal ponto no filme é apresentar um mito, quebrá-lo e humanizá-lo e logo em seguida reconstruir de forma mágica e triunfal a imagem de um dos personagens mais controversos, mas que não deixa de ter sua parcela heroica, de todos os tempos.

Nota: 4/5

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