CRÍTICA: LIGA DA JUSTIÇA

Com o objetivo de trazer mais leveza para o DCEU, o filme sofre pela falta de identidade.

Em Liga da Justiça, vemos um mundo sem esperança após o sacrifício do Superman contra o Apocalipse, e um mundo assim é um prato cheio para o Lobo da Estepe e seu exército de parademônios. Para poder enfrentar essa ameaça, Batman e Mulher Maravilha tem de reunir a Liga, à partir dos dados de meta humanos presentes nos arquivos de Lex Luthor para assim derrotar o vilão e trazer esperança de volta ao mundo.

Antes de tudo, o filme é completamente diferente dos primeiros dois longas dirigidos por Zack Snyder e tenta parecer mais com “Mulher Maravilha“. O filme passou por refilmagens comandadas por Joss Whedon após o sucesso da heroína para tentar dar uma amenizada no tom e passar mais leveza do que “Homem de Aço” e “Batman v Superman“. Mesmo sendo 15 ou 20% do material, é possível ver as cenas que foram dirigidas por Whedon, e isso acaba não sendo um problema para o filme.

O que realmente atrapalha o filme são as escolhas que foram feitas para moldar esse universo da DC nos cinemas. O longa passa as duas horas tentando esquecer o que aconteceu, vemos isso principalmente no Batman. O personagem é a cara da bagunça que é o DCEU, fica se culpando pela morte do Superman, sai em busca de fôlego novo para salvar o mundo e é o principal responsável para tentar trazer Clark Kent de volta ao vida. É praticamente o reflexo do que o estúdio tem feito.

Zack Snyder se esforça para dar mais leveza ao filme, tirar o peso dos personagens e eliminar boa parte de carga dramática, mas infelizmente não é muito a dele e o longa sofre com uma falta de identidade. Apesar de ter bons momentos assim, você percebe que tem algo fora do lugar, situações forçadas para ser um alívio cômico, muitas em volta do Flash. Se não fosse a qualidade do ator Ezra Miller, poderia ter dado muito errado.

A questão das atuações é uma das coisas boas filmes, apesar de alguns diálogos parecerem bem formulaicos, principalmente entre Diana Prince e Bruce Wayne, todos os 5 principais se saem bem. Jason Momoa, por exemplo, se encaixou nessa versão do Aquaman criada por Snyder, deixando uma boa impressão para seu filme solo, apesar de uma cena um tanto quanto estranha com sua rainha Mera e uma motivação bem questionável. Já o Ciborgue é o responsável pelo drama no filme, mas é muito raso e extremamente mal aproveitado, mas o ator Ray Fisher consegue passar o tom de amargura que o personagem carrega.

Os CGI é o ponto mais fraco do filme, principalmente no último terço, na tentativa de tirar o bigode do Henry Cavill (chega a ser patético) e na caracterização do vilão. É muito difícil acreditar na ameaça de uma figura de quase 3 metros de altura que praticamente não tem expressões faciais e parece um boneco extremamente mal polido. Apesar disso, o filme é bem mais claro e é possível ver e identificar quase tudo nas cenas de ação, dando um um ponto positivo para os efeitos usados no Flash, que funcionam muito bem e são diferentes dos outros personagens com supervelocidade já vistos no cinema.

Com a necessidade de consertar as decisões equivocadas, o roteiro do filme é muito corrido, fazendo escolhas óbvias e muitas vezes se contradizendo. Como o longa é uma continuação, ele deveria seguir o que já foi mostrado, mas ele parece ser completamente a parte do resto, e usa somente o que é conveniente para mudar o tom do DCEU. Isso acaba, principalmente, com a personalidade do Batman/Bruce Wayne, que funciona no filme, mas foge da forma que ele foi apresentado em BVS, é praticamente uma caricatura de um novo personagem.

É uma tentativa de recomeçar uma franquia, mas parece que ela já acabou. O filme tenta passar o ar de esperança, funciona e diverte em boas partes, mas parece que veio tarde demais. O longa funciona nesse propósito de acertar os erros do passado, mas erra na hora e na forma de contar uma história, e acaba deixando um gosto estranho e fica sendo um filme qualquer, sem pretensão, sem momentos eufóricos, parecendo um tapa buraco. Se fosse o primeiro filme de todo o DCEU, talvez funcionasse melhor, mas já sabendo de tudo que o precede, fica o pensamento de que poderia ser bem pior.

O principal sentimento que fica é o desapontamento de que a Liga da Justiça merecia uma história melhor, um longa melhor, e não apenas um filme OK. Apesar disso, ele termina bem, deixando um ar de que esses heróis funcionam bem juntos e você quer ver mais deles, mas se voltaremos a ver isso, aí é outra história.

Nota: 2.5/5

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