O apocalipse nórdico nunca pareceu tão atrativo e divertido.

Após dois filmes medianos, finalmente o Deus do trovão recebeu um filme a sua altura, mesmo fugindo de tudo que um filme sobre ele deveria ser. Os dois primeiros longas buscavam usar um Thor mais sério, mais próximo do épico e com diálogos teatrais, quase shakesperianos, mas deram completamente errado. Agora, o terceiro e provável último filme de seu arco, recebemos uma comédia extremamente nonsense, logo quando o enredo abordado é o mais tenso, o Ragnarok, o fim e recomeço de Asgard.

Dirigido por Taika Waititi, diretor neozelandês conhecido por comédias poucos convencionais, como “O que fazemos nas sombras” e “A incrível aventura de Rick Baker”, comanda essa aventura oitentista do filho de Odin. Após os eventos de “A Era de Ultron”, Thor saiu atrás das joias do infinito e acabou no meio de uma conspiração dos nove reinos para o planejamento do Ragnarok em Asgard, fazendo com que vá trás de seu pai deposto do trono de sua terra para poder impedir o apocalipse e entender os perigos que o aguarda.

É o filme que mais se desprende da fórmula Marvel, simplesmente abraça a galhofa e zomba de si mesmo durante as 2 horas. “Guardiões da Galáxia” já não tinha medo de ser uma comédia e enfiar piadas como uma metralhadora, mas em “Thor Ragnarok” um novo nível foi atingido, e sem perder a urgência que permeia o plot do filme. O que poderia se tornar chato e incômodo, se torna extremamente divertido por se assumir como um filme nonsense, mas sem o descompromisso com a história principal, que é o principal problema dos filmes do Star Lord.

O elenco é o grande acerto do filme, onde vemos um Chris Hemsworth indo mais fundo em sua veia cômica, e mostrando que se sai bem melhor do que apenas um brucutu com falas difíceis. Tom Hiddleston continua espetacular como Loki, mas assim como todo filme, vai muito mais pro lado da comédia, sem medo de parecer bobo. Mark Ruffalo continua entregando o Bruce Banner mais divertido e frágil do cinema.

As novas adições foram pontuais, Jeff Goldblum é sempre incrível e como Grão mestre não foge disso. Toda cena que ele aparece você deseja que ele apareça mais e mais. Tessa Thompson como Valquíria, entrega um lado desconhecido da atriz, com um tempo de piada esperto, facilitado pelo texto, mas de impecável execução, e mesmo assim mantém a postura de uma guerreira forte e independente. Cate Blanchett é um show a parte, independente do filme e do papel, ela sempre entrega mais do que se espera, e aqui vemos uma Hela extremamente ameaçadora combinada com sua classe habitual.

O longa tem alguns erros que podem gerar um certo incomodo, como uso excessivo de CGI e uma falta de polimento para algumas sequências. A falta de ritmo em alguns cortes, acaba gerando uma sensação de estagnação no desenvolvimento da história, e a partir disso, é de fácil percepção que se cortasse de 10 a 15 minutos a história não seria prejudicada.

É o filme visualmente mais chamativo do universo Marvel, com uma produção de arte e figurinos de saltar os olhos, com tudo remetendo a estética de Jack Kirby. É um colorido sem brilho, com cores bem cruas utilizadas em formas geométricas características do quadrinista. Conciliado a isso, tem uma trilha sonora criada por Mark Mothersbaugh do Devo que funciona perfeitamente com o tom do filme, com uma imensa quantidade de sintetizadores característico dos anos 80 e com guitarras vindas de bandas de metal nórdico para balancear.

“Thor Ragnarok” poderia ser apenas mais um filme do herói que tenta ser sério e se tornar esquecível, mas por apostar em um diretor vindo da comédia e acostumado a zombar de tudo, incluindo ele mesmo, dá um novo fôlego para o universo Marvel. Além disso, abre um leque de possibilidades para mais filmes de gênero dentro da franquia, principalmente provando que nem tudo precisa ser levado a sério, nem mesmo o fim do mundo.

Nota: 4/5

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