Edgar Wright atinge seu ápice ao conciliar diversos gêneros a sua particular e irreverente visão de como se fazer um filme.
Como Edgar Wright é o clássico diretor autoral, escrevendo e dirigindo seus filmes, é visível que cada cena já foi pensada em quanto escrevia o roteiro, e digamos que isso já é uma característica sua desde seu primeiro longa conhecido, “Todo Mundo Quase Morto”, mais especificamente a cena de luta dentro do Winchester. Aqui não é diferente, e se era possível refinar ainda mais essa técnica, ele acrescenta música a composição de cada cena. O ritmo do filme é ditado pela trilha escolhida por ele, desde os primeiros 6 minutos (que foram disponibilizados online), que a cena tem a duração da música, e acelera as ações quando a música faz o mesmo.
“Em ritmo de fuga” é o filme mais “comercial” de Edgar Wright, pelo elenco e por ter um narrativa simples, mas é diferente da maioria dos longas de ação e blockbusters convencionais. Edgar conduz o longa em um leveza, sem amarras de estúdio e produtores, dando liberdade aos atores de improvisar em cima de seus diálogos quase Tarantinescos, talvez por isso que, ao lado de Wes Anderson, é o diretor que 90% de Hollywood quer trabalhar e não cansa de elogiar. Além disso, repleto de participações especiais, algumas bem claras, como Flea, baixista do Red Hot Chili Peppers, e outras mais escondidas, como Big Boi do Outkast e Killer Mike do Run The Jewels.
Mesmo conhecido pelo público mais entusiasta pelo cinema, ou pelos fãs de quadrinhos, por causa de “Scott Pilgrim contra o mundo”, agora com “Em Ritmo de fuga” que ele vai ganhar o devido e atrasado reconhecimento do grande público. Uma experiência única, de um longa de ação, repleto de possíveis clichês, mas original e ambicioso em sua montagem toda feita em cima das 30 músicas. Edgar Wright dá uma aula de como um diretor pode deixar sua identidade em todo o longa, sem restringir a um nicho do público.
Nota: 5/5