CRÍTICA: HOMEM-ARANHA DE VOLTA AO LAR

Se o cabeça de teia fosse um adolescente nos filmes do John Hughes?

Essa é a pergunta que resume o filme, um Peter Parker vivendo no universo de filmes como “Curtindo a vida adoidado”, “Clube dos Cinco”, “Mulher nota mil”, entre outros. Uma ode a esse diretor e roteirista conhecido por essas pérolas dos anos 80, e que o diretor Jon Watts fez questão de afirmar logo no início das filmagens, que era sua maior inspiração para contar essa nova história do aranha nas telonas.

Fonte: EW

Neste filme vemos como Peter (Tom Holland) foi parar na Alemanha para enfrentar o time Capitão América, após ser “contratado” por Tony Stark (Robert Downey Jr) e Happy Hoogan (Jon Favreau). Toda essa experiência é contada pelo próprio Peter por meio de vlog, e a partir disso, o longa se desenrola na sua volta à vida normal de um estudante de 15 anos e os problemas comuns para um garoto dessa idade. Atrelado a isso, enquanto ele espera uma ligação de seus “chefes” para poder voltar a ação como o “Homem Aranha do Youtube”, acaba caindo no meio de negociações de armas com tecnologia Chitauri, lideradas pelo Abutre/Adrian Toomes (Michael Keaton).

O primeiro excelente ponto desse reboot/remake do teioso, é que ele sabe onde se colocar na história do personagem, tanto no cinema, quanto em relação aos quadrinhos, e mantendo sua personalidade própria e fazendo tudo diferente, mesmo sendo tudo igual. Jon Watts soube pegar o que deram certo com os outros dois Peter Parker das telonas. O lado nerd, desengonçado e zuado de Tobey Maguire, com a comédia e esperteza de Andrew Garfield, mas sem ser uma mistura 50% de cada, e sim sabendo dosar cada parte para chegar na representação mais fiel ao personagem criado por Stan Lee e Steve Ditko 55 anos atrás que vimos no cinema.

Além do diretor, é óbvio que o mérito vem de Tom Holland, que simplesmente encarnou o cabeça de teia de uma forma que fará os fãs dos outros atores aceitarem que ele é a versão definitiva do personagem no cinema. Ele consegue passar uma fragilidade e o encantamento de um nerd enquanto Peter Parker, com pitadas de humor, mas sem descaracteriza-lo. Quando coloca a roupa do aranha, é perceptível a mudança de humor, a confiança que ele exala, lembrando Christopher Reeve, em sua transformação de Clark Kent em Superman, no filme de 1978.

Finalmente é mostrado o dia a dia de Peter na escola, tendo que controlar seu tempo em salvar a cidade e tentar levar uma vida de adolescente normal. Esse é o maior dilema do filme, e é o que popularizou o personagem nos anos 60, fazendo com que o filme seja passado quase 50% do tempo na escola, com um excelente Ned Leeds (Jacob Batalon) como sidekick de Parker, que compartilha da nerdice, e nos momentos que o herói tem que se conter, a animação fica por conta do amigo.

O roteiro do longa é completamente redondo, quase não toma atalhos, e cria as situações com uma naturalidade e consegue dar profundidade aos personagens, e o principal, consegue conciliar as história dos dois protagonistas. Vemos em Abutre um vilão com suas simples motivações, sem nada megalomaníaco, e que da mesma forma que Peter, busca o reconhecimento pelos seus atos, mas no caso dele, com dinheiro para ajudar a família. Diferente dos outros filmes da Marvel, aqui é um vilão que realmente cria uma ameaça para o Aranha, mas também o faz pensar que tudo que ele fez foi em prol de um bem maior, típico drama dos vilões do Homem Aranha. E essa carga dramática é toda em função da excelente atuação de Michael Keaton, que não precisa do visual aterrorizante para se impor em tela, e ainda arranca o melhor da atuação de Holland, quando os dois estão frente a frente dialogando.

Voltando a falar do clima John Hughes do filme, é um deleite de tantas referências aos seus filmes, algumas explícitas e até explicadas em tela, mas a maioria está em sua essência, e na criação e desenvolvimento dos personagens. A principal delas é no romance de Peter com Liz  Allen (Laura Harrier), típico do nerd com a menina popular. O longa junta um casal típico dos filmes de Hughes, com os problemas do Homem Aranha, entregando um relação completamente diferente das outras versões do personagem, incluindo um referência a cultura pop sensacional, como todas as outras presentes.

O filme é tão redondo e tão perfeito em executar com simplicidade sua premissa, mas peca em uma única coisa, que já era previsível pelo rumo que escolheram dar ao cabeça de teia, que é o fator Tony Stark. Ele não interfere muito no desenrolar da história, mas certas situações são motivadas por ele, e a questão do Peter querer provar seu valor para o Homem de Ferro, como se ele já não tivesse que fazer isso por si próprio. Vai contra os princípios criados por Lee e Ditko, mas felizmente toda essa questão é bem resolvida, mas gera uma importância exagerada em volta de Stark, compreensível, mas exagerada.

Cabe um texto inteiro só para falar das referências que o filme faz, sem parecer piegas e gratuito, mas o importante é ressaltar que foi uma belíssima escolha de elenco e de história a ser contada para recomeçar com o personagem nos cinemas. É um longa para toda a família, um típico filme de sessão da tarde, uma edição semanal do quadrinho do cabeça de teia, ou programa para o final de semana. É uma aventura leve, cômica, empolgante, divertida e repleta de elementos que consagraram o personagem em todas as mídias, uma amálgama desses 55 anos do maior super herói da Marvel.

Nota: 4,5/5

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