CRÍTICA: ATÉ O ÚLTIMO HOMEM

Mel Gibson volta a dar aula nas cenas em campo de guerra, mas se perde no seu fanatismo religioso.

Desmond Doss (Andrew Garfield) foi um dos maiores heróis de guerra da história dos Estados Unidos sem nunca ter pego em uma arma, devido a sua fé incondicional e por traumas de infância. Até conseguir o feito de salvar mais de 70 soldados americanos feridos no ataque a Okinawa no Japão, ele literalmente comeu o pão que o diabo amassou, sofrendo todo tipo de humilhação durante seu período de treinamento. 
Dirigido pelo grande e polêmico Mel Gibson, o filme é claramente dividido em duas partes, o caminho de Desmond entrar para o exército e seu treinamento que culmina na batalha de Okinawa. A primeira metade é lenta e um tanto piegas em criar a imagem do protagonista e sua família ao redor, com diversas frases bem clichês de superação baseada na fé, e com conflitos que não criam um senso de urgência.
Ao entrar no sofrimento dele dentro do exército, começa uma tentativa de Mel emular um “Nascido Para Matar” de Stanley Kubrick, mas elevando o nível exagerado de gritos e excessos de humilhação beirando o ridículo, principalmente por causa uma atuação caricata de Vince Vaughn. Mas a partir daqui que o filme engrena, e a empatia com o sofrimento de Doss aumenta e os princípios que ele preza começam a criar conflitos realmente importantes e dramáticos, e mostrando um lado extremamente sujo do exército, onde Mel Gibson se sente em casa.
A última hora do filme se resume a uma sangrenta, suja e extremamente pesada e realista, lembrando o Mel Gibson de Coração Valente. Tecnicamente impecável, efeitos práticos, centenas de figurantes, e um uso excessivo de close up para dar um tensão, realidade e mais importância a cada ação apresentada. Apesar de não colocar nenhuma situação de dúvida para Desmond de revogar seus votos, é fácil de comprar e aceitar tudo que ele passou, por causa da empatia que é construída e trabalhada a cada salvamento. E mesmo com o elenco de apoio ruim, e mal apresentados, ele consegue fazer que você se importe com cada um deles que maltratavam o protagonista e passam a ser totalmente dependente dele.
Andrew Garfield consegue carregar o filme de uma forma bem honesta e natural, e da mesma forma que o longa é construído, ele entrega duas diferentes formas de atuações que transmitem todos os ideais e sofrimentos passados por Desmond Doss. Em meio de um monte de atores se esforçando para ser o mais caricato possível, Garfield consegue se sobressair com facilidade sem exagerar em momento algum.
Mel Gibson tem suas polêmicas, mas é um excelente diretor de ação quando tem esse o foco, só erra ao entrar em assuntos religiosos, por que tudo começa sair do controle e acaba exagerando. “Até o último homem” funciona quando é um filme de guerra, por que esses exageros de Mel são para transmitir a crueldade sangrenta e violenta de uma batalha, em diálogos cafonas e atuações, com exceção de Garfield, caricatas. E com todos os excessos possíveis, ele serve para um público religioso, que busca exemplos para reafirmar sua fé, quanto para fãs de filmes de guerra, de extrema violência e ação desenfreada e realista.
Nota: 4/5

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