CRÍTICA: ROGUE ONE: UMA HISTÓRIA STAR WARS

Como transformar com maestria um parágrafo em um épico filme de guerra

Quando anunciaram os novos filmes de Star Wars, a Disney/Lucasfilm já começou a produção com dois problemas, como conquistar um novo público e enfrentar a ira dos fãs xiitas e contra essa expansão do universo? E isso se agravou quando anunciaram os spin offs. Após o lançamento do episódio VII e seu gigante sucesso, tranquilizou o estúdio para a estreia de Rogue One, podendo dar maior liberdade para o diretor, Gareth Edwards, e resguardando para futuras experiências.

Para o primeiro spin off, escolheram jogar no garantido, contar uma história que todos gostariam de saber, como foram roubados os planos da Estrela da Morte. E baseado nisso, e em um parágrafo do texto inicial do episódio IV, surgiu Rogue One: Uma história Star Wars. Ele segue a história de Jyn Erso (Felicity Jones), filha de Galen Erso (Mads Mikkelsen), um projetista de armas do império, que junto de Cassian Andor (Diego Luna) são designados pela Aliança Rebelde para uma missão para resgatá-lo e descobrir os planos do Império.

Logo em seu início já da para perceber que vai ser um filme completamente diferente de todos os outros Star Wars. Uma direção mais fechada com um maior senso de tensão, uma fotografia mais crua, sem dar ênfase nas cores vibrantes e um tom bem mais dramático e sombrio, bem como um filme de guerra deve ser. Indo totalmente contra os outros filmes da saga, que apesar de ter seu senso de urgência e seriedade, é mais leve e um descompromissado.

Como todos os filmes da franquia, eles constroem os personagens para que você crie uma empatia instantânea e tenha uma preocupação com eles. E aqui não foi diferente, desde o ex droide imperial que é o mais sarcástico do filme, passando por um cego sensitivo na força, até um piloto desertor do império que fala mais rápido que o C3P0. Todos tem cenas de introdução que não passa de dois minutos e consegue criar laços entre eles de forma tão orgânica e tão simples.

Só derrapa quando apresente Saw Gerrera, que apesar ter importância no arco de Jyn, só está no filme como um fan service para quem acompanhou a animação Clone Wars. Não acrescenta em nada e poderia nem estar na história, e para complementar, uma atuação caricata ao extremo de Forest Whitaker, com um sotaque cantado pavoroso.

Dentro desse grupo dos rebeldes, dois roubam a cena e são a parte cômica, quase nula do filme. Chirrut Îmwe (Donnie Yen), o cego crente que é sensitivo na força que luta artes marciais que tem um “guarda costas”, Baze Malbus (Jiang Wen), em umas sacadas pontuais e muitas em cima dessa sua crença, que o faz desviar de blasters ou reforçar a ideia que os troopers não acertam tiros. E K2S0, que eleva a décima potência o humor protagonizado por C3P0, e acrescenta um sarcasmo, um humor essencialmente britânico, mas interpretado brilhantemente por um americano, Alan Tudyk.

No lado do império, um diretor Orson Krenic (Ben Mendelsohn) que passa o filme em busca de reconhecimento e batendo de frente com um Moff Tarkin feito em um CGI perfeito. Uma briga de egos parecida com Kylo Ren e General Hux no episódio VII, mas de gente grande e com um Darth Vader como juiz. Que inclusive é uma adição espetacular ao filme, não tem importância no plot, mas foi de uma felicidade tremenda a forma que foi mostrado e diferente de Saw, um fanservice bem feito, e com certeza um dos melhores dessa era dos fanservices.

Um filme que até sua metade aparenta em nada ser um Star Wars, também se difere em apresentar os dois lados com suas motivações, mas sem colocar que um é totalmente ruim ou que o lado bom faz tudo de forma correta. E o principal ponto disso, é questionar as ações dos rebeldes, que apesar de lutar por um liberdade contra o império, tem meios extremos de atacar, podendo ser facilmente relacionado aos grupos do Oriente Médio, inclusive no figurino que lembra bastante.

Ele segue a mesma linha do episódio VII, cheio de referências e easter eggs, mas todos trabalhados para o desenvolvimento da trama e fazer a ponte com o episódio IV. Apesar de ter esse único propósito, ele não se prende em reverenciar a trilogia clássica, e com pouquíssimas exceções, as participações tem sua importância em fazer a história caminhar, e se não estivessem no filme seguiria seu curso tranquilamente.


Um filme corajoso que foge de todo o clichê Star Wars, e é o que mais se aproxima do episódio V, em seu ar dramático e senso de urgência. Tem pequenos problemas de diálogos no início do filme e um ritmo  pouco lento até a reunião do time Rogue One. Para alguns pode ser problema, mas isso é um ponto a se salientar por que ele se preocupa em desenvolver os personagens e mostrar planetas e sistemas para expandir a mitologia de Star Wars.

Rogue One: Uma história Star Wars é trágico e dramático como um guerra deve ser, cômico e fantasioso com um Star Wars deve ser. Tem sua própria identidade e pode ditar a liberdade que a Lucasfilm pode dar para os próximos diretores que estão por conta dos spin offs. Usa o fanservice de uma maneira tão bem perfeita e casa eles com personagens e tramas não existentes no seu universo. Apesar das refilmagens, todo esse mérito vai para o Gareth Edwards, que já tinha mostrado seu valor em Monstros e Godzilla, e agora com certeza foi catapultado para um nível absurdo. Rogue One é com certeza a maior evolução de Star Wars após o Império Contra Ataca.

Nota: 4,5/5

PS: Assista ao episódio IV logo após para melhorar e muito a sua experiência.

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