CRÍTICA: A CHEGADA

“A linguagem é a base da civilização”, essa frase nos faz entender um pouco sobre o que se trata o filme e refletir sobre como chegamos até aqui.

Após a chegada de naves alienígenas em doze pontos do nosso planeta, e para tentar uma comunicação com elas, o governo americano recruta uma especialista em linguística e simbologia, e um físico teórico para entender o motivo de sua visita. Dirigido brilhantemente por Denis Villeneuve, que só comprova o quão versátil é, e protagonizado pela espetacular Amy Adams e pelos corretos Forest Whitaker e Jeremy Renner.

O filme é impecável tecnicamente, fotografia lindíssima, belas atuações em cima de roteiro coeso que não deixa abertura para falhas. Uma trilha espetacular, as vezes soando genérica, mas que casa perfeitamente com as situações em que ela é utilizada, alternando com momentos de silêncio absoluto. Mas esse filme transcende isso, e em momentos como esse que o mundo vive, onde cada um pensa em si, a mensagem que ele passa é o principal.

Quando começaram a pipocar as imagens, trailers e sinopses, com certeza que a maioria das pessoas imaginaria mais um filme de ação sobre invasão alienigena, no estilo Guerra dos Mundos e Independence Day. Mas com pouco mais de 10 minutos ele já joga na sua cara que é um filme sobre a construção da personagem, Louise Banks (Adams) no caso, e como que a linguagem e o diálogo são dois pilares de tudo que vivemos.

Ele aborda esses dois assuntos fundamentais que envolvem a conversação que são banais e sempre repetidos hoje, mas que nós sempre deixamos de lado e não damos a devida importância. Tudo que é novo ou desconhecido o ser humano tem medo, seja com os aliens no filme, seja com funcionário trabalho, aluno nova na escola, ou nos casos mais extremos, refugiados e nos avanços da ciência. Situações que expõem esse medo do novo ao máximo, e gera intolerância na maioria desses casos.

Que qualquer situação pode ser resolvida por meio de um diálogo prévio, e baseado nisso chegar a soluções que ambas as partes saem ganhando ou tem uma menor perda, e parar de ter um pensamento egoísta. Refugiados, divergências religiosas e políticas, e diminuindo a escala, brigas de casais, amigos, familiares. E ele trata a linguagem como a arma maior nesses conflitos, seja para um lado ou outro. E reforça que ela é a coisa mais importante que a humanidade tem, e sabendo usar será seu principal escudo e ao mesmo tempo sua espada.

E mesmo sendo um Sci-Fi, ele tem um lado humano gigante, que muitos filmes focados em relações não tem. Ele faz você se questionar sobre escolhas feitas, as consequências dessas escolhas, como lidar com certas tragédias. Ele tem um plot twist que faz com que todas essas questões explodam na cabeça de quem assiste, e sem ter medo de parecer piegas, ele faz de um forma simples e bem emocionante mas de forma bem contida.

Podia ser mais um filme de invasão alienígenas, onde eles são vilões, mas mostra que o maior vilão é o próprio ser humano. Poderia terminar sendo cafona ao exagerar na emoção, como em Interstellar, mas sabe dosar ao intercalar com explicações relevantes, e que não tratam o espectador como burro. “A Chegada” poderia ser mais um Sci-Fi cult a passar despercebido pelo grande público, mas com esse toque humanista dele, deixará muita gente pensando nos seus questionamentos por um bom tempo, e fazendo a velha pergunta ” Como que eu estou levando minha vida?”.

Nota:5/5

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