Marvel atinge um novo patamar fazendo seu melhor filme.
Voltamos ao ano de 2014, quando a Marvel anunciou que Capitão América 3 seria lançado no mesmo dia de “Batman Vs Superman”. Muitos acharam que era excesso de confiança ou prepotência, mas na verdade ela o que tinha em mãos. Toda essa confiança resultou em uma mudança de data feita pela Warner/DC (medo ou respeito?) e a escolha do arco “Guerra Civil” para ser mostrada nessa continuação do primeiro vingador, ou seja, mais um grande acerto da Marvel.
O filme mostra que os dois lados tem seus pontos positivos e negativos, mas levando o Homem De Ferro um pouco para o lado de vilão da história. Mas em momentos que começam a introduzir o Soldado Invernal, faz o lado de Tony Stark parecer certo. Nos trailers dá a entender que tudo ia começar por causa de Bucky, mas ele é apenas um bode expiatório usado pelo ” VILÃO” do filme, Helmut Zemo, para instigar ainda mais a briga entre os heróis (muito parecido com Lex Luthor em Batman V Superman, mas melhor executado), principalmente fazendo com que o Pantera Negra entre no combate.
O Pantera rouba a cena, seja vestido como príncipe T’Challa ou em seu manto feito de Vibranium, passando uma firmeza de líder e mostrando um estilo novo de combate de saltar os olhos. Os heróis “antig
os” tem sua importância colocada de forma sutil e pontual, cada um tem um papel fundamental em alguma parte do filme, principalmente no grande embate entre os dois times. O Homem Aranha é colocado de uma forma simples na história, e com um diálogo de cinco minutos com Tony Stark já conhecemos toda sua história e já esquecemos dos outros dois Peter Parker do cinema.
Repetindo o que fizeram em “Capitão América: Soldado Invernal”, os irmãos Joe e Anthony Russo esbanjam nas sequências de ação, ditando uma tendência no gênero. Em cenas de perseguição usam do artifício da câmera na mão para dar ao espectador a sensação de estar vendo tudo ao lado do herói, em combates corpo a corpo abusam de sequências coreografadas com movimentos rápidos e poucos cortes. Mas o que mais impressiona são as grandes cenas que envolvem vários heróis, conseguem colocar todos em ação sem parecer uma grande bagunça, tudo é sincronizado e tem sua vez na tela.
Unindo todos esses pontos temos a melhor sequência de ação de todos os filmes de super heróis, a cena do aeroporto. Para não dar spoiler: heróis se batendo, ataques combinados, Homem Aranha e Homem Formiga fazendo piadas entre um soco e outro, momentos de tensão entre Capitão e Homem de Ferro e uma GIGANTE(!!!) surpresa. Tudo isso sem parecer uma locomia desenfreada, e fazendo com que você se importe com cada duelo.
E a grande luta entre Capitão América e Homem de Ferro é uma gigante montanha russa de emoções, que faz com você se importe com o lado oposto ao que está torcendo, tem momento que beira a crueldade, que você apenas pensa: “parem de se bater, já deu”. Chovendo no molhado, a direção dos Russo de novo chama a atenção nessa cena, troca de socos, escudo jogado de um lado pro outro, tudo em perfeita sincronia, e claro uma singela referência a um cena da HQ. Embate que gera consequências para o futuro do Universo Marvel nos cinemas, mas que podem ser resolvidas de formas simples nos próximos filmes.
“Capitão América: Guerra Civil” é um filme com roteiro bem estruturado, praticamente sem furos, e que responde a vários questionamentos com uma frase, sem enrolação e sem se basear de atalhos de roteiro ou escolhas óbvias. Direção magistral dos irmãos Russo, eles conseguiram melhorar o que Joss Whedon já tinha feito de forma excepcional em “Vingadores”, dando importância a todos os personagens e dividindo bem o tempo de cada. E souberam balancear as emoções e tom do filme melhor que Whedon, sabendo onde colocar piadas, referências a HQ e cultura POP, mas perder o senso de urgência e tensão do filme. Único deslize é no vilão, que continua sendo o calcanhar de Aquiles da Marvel, depois do Loki não acharam outro com carisma parecido.
É a Marvel fazendo escola de como fazer bons filmes de super heróis, os filmes que virão a seguir seguirão esse seu modelo, e ela e o fã continuarão com a certeza de que será um sucesso. Dizem que a fórmula está batida, que filmes assim vão perder espaço, que tem que se reinventar, abordar o tema de formas diferentes, mas filmes como “Guerra Civil” contraria isso tudo e só reforça a ideia que filmes de super heróis tem que pensar primeiro em ser de filmes super heróis.